17 junho 2011

Charles Landseer





Um post para falar sobre uma exposição que acabei de ver no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.
Trata-se de desenhos, aquarelas e óleos originais produzidos por Charles Landseer, durante sua visita ao Brasil entre 1825 e 1826.
Eu já tinha folheado o livro dele em uma loja da Livraria Cultura (e fiquei babando), mas poder ver os originais foi certamente muito enriquecedor. Pra não dizer que sai de lá super afim de desenhar e com fôlego para produzir muito, mas muito mais.
Não pude deixar de imaginar o sabor de aventura e descoberta que essa viagem deve ter proporcionado a esse artista, que tinha apenas 26 anos quando embarcou ao Brasil. Naquela época em que a fotografia estava apenas nascendo, pode-se imaginar o valor que esse tipo de registro possuia. Eu fico pensando em como deveria ser conhecer o mundo, sob o olhar apenas de um artista. Abrir um sketchbook desses devia ser como abrir um pacote de fotografias recém reveladas...como acontecia há 10 ou 15 anos atrás. Mas a sensação de ansiedade e surpresa deveria ser muito maior.
Imaginem as pessoas na Europa vendo o Pão-de-Acúcar e o Corcovado pela primeira vez, através de um desenho?
Lendo o livro fiquei fascinado também com a história de como esse sketchbook foi 'descoberto' pelos brasileiros: apenas em 1924, um historiador chamado Alberto do Rego Rangel teve acesso a esse tesouro em uma visita a familia de Charles Stuart, o 'comandante' da expedição, que manteve o caderno por muitos anos, velado do acesso público. Deve ter sido algo parecido com o que eu descrevi acima...dá pra imaginar a emoção do cara?
Eu fiquei encantado com os desenhos e principalmente com as aquarelas. Os óleos não são muita coisa, mas deve ser levar em conta a idade do artista quando fez os trabalhos, apenas 26 anos. Reparei em alguns erros de perspectiva, muito embora às vezes me pareceram conscientes, com o intuito de evidenciar algum detalhe arquitetônico importante. Também nesse sentido, ele parecia ser parcimonioso no uso de sombras profundas e escuras (para não ocultar nada). Falta um pouco de perspectiva atmosférica nas panorâmicas mas, novamente, como intuiro era fazer um registro da cena tão fiel quanto fosse possível, ele parece ter abidicado de algumas possbilidades artisticas em função disso. Desenhou além das paisagens, as pessoas das cidades e os escravos. Usava hachuras com muita habilidade. Produziu cerca de 300 desenhos em 19 meses, e registrou Lisboa e arredores, Açores, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Vitória, Recife, Florianópolis e Santos.

Nesta página mais detalhes sobre o "Highcliffe Album", como ficou conhecido essa material.
Aqui, um pouco mais sobre o artista.
Neste link, uma galeria com imagens do livro.
E informações sobre a exposição.

Abraço!

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